Não serei hipócrita ao afirmar que o derradeiro ano de 2012 foi um ano excelente para aqueles que praticam o BMX. No entanto, se ludibriam aqueles que acreditam ter sido um ano bom para o Nordeste, foi bom para alguns nordestinos, neste caso os retirantes, no geral, não foi uma maravilha para os demais.
A falta de apoio, de grandes eventos, boas lojas com estoques, e BMX que sirvam realmente de imagem positiva do esporte (em minha opinião), fizeram com que o ano de 2012 se transformasse em um ano a mais que impede a profissionalização do esporte na região das praias belas, do sol e da seca, o que me faz pensar que seremos eternos amadores, enquanto nos comportarmos como os colonizados, um vídeo postado pelo pessoal da Dream BMX (que é uma das lojas mais importante do Brasil em termos de investimento no mercado e nas pessoas e que por ser assim tem uma grande admiração desse que aqui escreve) com o piloto pernambucano Tiago POP só me reforça essa ideia (obviamente não foi esse objetivo dos caras ao postarem o vídeo, mas só reforçaram o preconceito linguístico e regional contra o nordeste) .
No entanto, o ano de 2012 foi um ano em que os pilotos nordestinos ganharam a mídia e melhores espaços fora do Nordeste, um ano em que os melhores inquestionavelmente da região juntaram a grana, quebraram os porquinhos e foram para a terra da garoa (São Paulo), a capital do BMX do país, e lá participaram de eventos, trocaram ideias, e andaram com outros profissionais, o que de fato é muito importante para a evolução do esporte. Sempre falo que a coisa mais importante do esporte é a troca de ideias e de cultura, sem isso, não vale de nada seu 360 e seu Tailwhip.
Nesse rolé, os principais destaques daqui da região foram mais uma vez o Tiago POP e Marcelo Kaçote, que de rolé em São Paulo, sendo alicerçados pelo piloto da MOB Maike Moura, conseguiram um trampo regular no Beto Carreiro World, e sendo assim irão sobreviver da bike, um sonho realizado que muitos pilotos buscam. Ainda em se tratando desse rolé, o amador Popô, residente do interior do Ceará, encarou a viagem com o também cearense Rogério Rato, e ambos se destacaram bastante no sudeste do país, sendo saudado pela mídia nacional com o devido respeito que tais merecem, parabéns para eles, e para os demais que para lá foram, ficaram ou votaram.
Ainda em se tratando do corrente ano, o que me faz pensar que ele não foi tão positivo é a falta de um calendário regional com eventos anuais que façam os pilotos locais viajarem em busca das competições e de novos picos, sem isso o BMX nordestino resiste, no entanto com um calendário cheio de eventos o BMX não iria apenas resistir, seria um esporte consolidado e mais interessante, o ano de 2010 que foi lotado de bons eventos (Recife Contest, Batalha do Concreto, Coma Barro, Kamikaze, Street Fiction) me faz pensar assim.
De toda forma, os maias calcularam mal, e sendo assim ainda teremos outros anos a frente para melhorar auqilo que não foi bom, mas que também não foi tão ruim. É bom lembrar que tivemos ótimos finais de semana. Por exemplo, o pessoal de Pernambuco não organizaram nenhum grande campeonato, em contra partida fizeram boas festas, e ainda ganharam uma nova pista na cidade do Cabo Santo Agostinho. No Ceará, além do belíssimo campeonato da cidade de Sobral, alto sertão do estado, ainda teve uma mega JAM de street do pessoal do Destúrbio, lá em Natal (RN)o Beto Selley organizou um evento “Real Street”, e aqui na Paraíba, como é de costume, rolou o Batalha do Concreto, além de campeonatos no interior do estado, e a visita de vários riders nordestino.
Sem mais a reclamar segue abaixo a tradicional lista dos destaques do BMX Nordestino do ano 2012.
Na atualidade a coisa é diferente, bem diferente. Aqueles que tinham minha idade em tempos de outrora, já andam como adultos em tempos atuais, obviamente em casos específicos, principalmente em se falando de Felipe Harrison, conhecido como Manerim, também do glorioso Ceará, terra de gente boa, e que venho para mostrar que o BMX tem futuro naquela região.
O Manerim é uma espécie de fenômeno do esporte, pois apesar da sua pouca idade, já tem na manga muita manobra que deixa para trás muita gente boa. Tal perfeição de rolé é fruto do investimento governamental do Estado do Ceará, que nos últimos anos construiu muitas pistas, algumas legais, outras não tão boas assim, mas que foram fundamentais para uma melhor evolução do esporte naquele estado, que hoje se mostra hegemônico em nosso Nordeste, como podemos ver na lista acima.
É importante frisar que para o esporte chegar onde chegou precisou não apenas de manobras, mas de pessoas que pensam com “coesão e coerência”, e sendo assim pessoas que serviram de espelhos para outros pilotos locais, sendo referencia não apenas em cima da bike, mas no esforço coletivo para que todos usufruam desse esporte de uma maneira mais legal e humanizada.
Seguindo portanto essa ideia, parabenizar dois homo sapiens sapiens que fizeram a diferença, sendo um paraibano e o outro cearense, um designer e outro professor de matemática, ambos do Real Street, ambos organizadores de eventos, ambos “vídeos makers”, estou a falar, respectivamente, do Marcelo Rodrigues (PB) e do Renato Tavares (CE).
No mais, 2013 há de ser melhor, os pilotos estão cada vez mais maduros, já sabem da importância de um bom vídeo para sua imagem, logo iremos subir novos degraus, e com eventos ou sem eventos a coisa vai melhorar, as relações iram se intensificar, e o BMX se tornará uma memória inapagável.
Finalizando, gostaria de agradecer todas as lojas do Nordeste que investiram em campeonatos locais, além de agradecer as lojas do Sudeste pelo incentivo as competições no Nordeste. Dar os parabéns a Rock BMX pela “contratação” de um piloto nordestino (temos muito orgulho disso), e agradecer ao pessoal do clickbmx.com.br por todas as postagens dos vídeos locais, no mais avante.
OBS.: Não consigo esquecer o comentário de um cara no facebook da Dream BMX sobre o vídeo do bike check do Tiago POP. Falou o sujeito: “É já vi uns paraibas chamando o banco de cela (...) que se dane o politicamente correto!”
Não sabe o idiota que a língua é viva e não respeita as fronteiras, cada região, independente da pobreza ou da riqueza, tem sua falácia, o que de fato não compromete a comunicação. E mais, Paraíba é nome de lugar, não é nome de gente, e Cela não se escreve neste caso com a consoante “C”, e sim com a consoante “S”, pois é uma variação linguística da palavra Selin. Saí de cima do teu pivotal e procura uma gramática cara!
